A firma

Por que se cobrir vira circo e se fechar vira hospício

quinta-feira, abril 19, 2012

Ateísmo corporativo

Depois de muitos anos de silêncio, retomo este espaço para falar de algo que estou vivendo intensamente neste momento: a falta de fé na empresa.

Na verdade, o problema não é a crença na empresa em si, mas sim nas pessoas que a dirigem e que lidam com as equipes e processos.
A empresa é grande e praticamente se "vira sozinha" desde que as pessoas não atrapalhem demais, mas os dirigentes estão fazendo muita força para que eu e muitos outros deixemos de crer.

Não creio mais nas decisões e muito menos nas (boas) intenções dos executivos.
Não acredito no que eles dizem e no clima que querem estabelecer.
Vai ser preciso mostrar (muitos) resultados práticos para que eu volte a "frequentar os cultos" por princípio e não só para não destoar da manada.

Me transformei em um verdadeiro São Tomé corporativo: só acredito vendo.

É a triste realidade.

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domingo, janeiro 25, 2009

Idiomas

Uma das coisas que mais me atraiu para esta oportunidade de trabalho em Miami foi a possibilidade de aproveitar a imersão na cultura americana para aprender inglês direito. Pensei que, uma vez precisando do inglês para sobreviver no dia a dia, tanto no trabalho quanto na rua, o aprendizado seria inevitável.

Muito bem, cheguei a Miami há quase 3 semanas e acabei confirmando uma piadinha infame muito popular por estas bandas: Miami é pertinho dos Estados Unidos, está quase lá, mas ainda não é Estados Unidos.
E se alguém ainda não entendeu sobre o que eu estou falando, serei explícito: o mundo inteiro aqui fala espanhol e mesmo quando a gente tenta se arriscar no inglês, se a pessoa for hispânica e perceber que você é de fora, ocorre uma mágica alteração na comunicação após a quinta frase e o que se ouve é uma montanha de sotaques latinos, todos pontuados com uma ou outra palavra em inglês.

Moral da história: vou ficar craque no espanhol de outros países, mas meu inglês vai melhorar muito pouco.
Quem mandou não ir direto para o Estados Unidos!

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sábado, outubro 18, 2008

Satisfação

Senti um misto de realização e euforia receber a notícia de que a estagiária que eu entrevistei e que meu gerente bancou, acabou de ser efetivada pouco antes de concluir seu curso.

A felicidade que ela demonstrou ao atravessar o andar para me contar a notícia foi contagiante. Quase me juntei a ela nas lágrimas de felicidade, mas consegui manter a minha fama de mau e me segurei. Ficou evidente que aquilo era muito importante para ela e passou a ser importante para mim também.
Me mostrou que não preciso abandonar de vez a ingenuidade e a esperança, mesmo que o mundo corporativo já tenha me deixado devidamente calejado.

Fiquei realmente feliz e salvei a minha semana repleta de estupros verbais e ações inócuas.

Valeu, mocinha. Meus parabéns e que eu tenha sido apenas o primeiro a ter visto esse seu brilho no olhar.

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quinta-feira, setembro 11, 2008

Rotação

Retomo este meu espaço querido em grande estilo: a Firma me escolheu para uma job rotation de 9 meses em Miami.
Quer dizer, não foi exatamente uma escolha da empresa.
O que ela fez foi disponibilizar um programa de rotação em outros países do grupo e permitir a participação de brasileiros.
Com essa abertura, escolhi o projeto (ou operação) mais interessante, obtive a aprovação do meu gerente, me candidatei, fiz duas entrevistas em espanhol, sendo uma delas presencial e tive o privilégio de ser escolhido para ir aos States.


Vista áerea de Miami


Tirando o componente pessoal deste tema, confesso que sempre achei complicada essa história de job rotation.
Por mais moderno que seja o tema, sempre me pareceu irreal isso de ficar seis meses em um lugar e outros seis meses em outro. Me dava a sensação de que você acabava não pertencendo a lugar algum e seu desenvolvimento ficava apenas na superfície.
E ao não pertencer a um lugar, você não cria um vínculo com seu chefe e não aproveita as oportunidades de promoção e aumento que estão vinculadas a isso.

Pensei assim até que senti na carne e comecei a mudar de idéia.
Precisei ser "vítima" de uma rotação para entender que é possível sim mudar de ares em troca de crescimento e troca de experiências.
Quer dizer, é isso que eu imagino que vá acontecer, já que ainda não fui para o meu próximo lar.
Espero que eu consiga mesmo contradizer meu antigo pensamento e volte para cá com a capacitação e a experiência de vida que estou indo buscar.
E espero também que o preço a pagar na minha área atual não seja grande demais.

Só o tempo dirá.

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quinta-feira, junho 05, 2008

Como nasce um paradigma

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas.
Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão.
Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de porradas.
Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.
A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o encheram de porradas.
Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada.
Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato.
Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..."

"É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE UM PRECONCEITO". ( Albert Einstein )

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domingo, janeiro 06, 2008

Crescimento

De tanto ler e ouvir falar nos termos aplicados ao crescimento de empresas e grupos, acabei achando que os termos orgânico e inorgânico também são adequados quando se fala na progressão de uma carreira.

Então vejamos.

Se o crescimento orgânico na empresa acontece quando ela aumenta o faturamento (e o EBITDA e o lucro) pelas suas próprias operações, na carreira isso aconteceria quando a pessoa recebe aumentos, bônus ou promoções sem precisar mudar de emprego durante o processo.

Por consequência, o crescimento inorgânico trata de ser promovido e ganhar mais ao se transferir para outra empresa, da forma análoga à utilizada por empresas, que compram outras para aumentar de tamanho.

Para mim faz muito sentido: estou novamente em uma situação de crescimento orgânico, só que desta vez a promoção não é uma possibilidade.
Ao eliminar um nível hierárquico, a impressão que fica é que é ainda mais difícil para que os não-executivos progridam na carreira.
Nem preciso dizer que não sou um executivo, certo?

A Firma se reestruturou de uma forma que está desagradando até aos executivos que seriam promovidos, mas ainda não receberam um centavo a mais.
E quando todo mundo reclama da mudança, até mesmo aqueles que não deveriam ter motivos para isso, algo deve estar errado com ela.
Ou algo está errado com todos os reclamantes.
O que faz mais sentido?

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sábado, dezembro 01, 2007

Fábula

Todos os dias, a formiga chegava cedinho ao escritório e pegava duro no trabalho. Era produtiva e feliz.
O gerente marimbondo estranhou a formiga trabalhar sem supervisão. Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse
supervisionada. E colocou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, como supervisora.
A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga.
Logo, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos e controlar as ligações telefônicas.
O marimbondo ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões.
A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com impressora colorida.
Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar de toda aquela movimentação de papéis e reuniões!
O marimbondo concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava.
O cargo foi dado a uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial.
A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de uma assistente (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se tornava mais chateada.
A cigarra, então, convenceu o gerente marimbondo, que era preciso fazer um estudo de clima.
Mas, o marimbondo, ao rever as cifras, se deu conta de que a unidade na qual a formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação.
A coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía : "há muita gente nesta Empresa".

E adivinha quem o marimbondo mandou demitir?
A formiga, claro, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida.

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sábado, novembro 03, 2007

O bonde

Sinto que perdi o bonde.
Acabei de completar 36 anos e me vejo com poucas chances na empresa.
Apesar de ser grande e poderosa, A Firma parece não gostar muito de pessoas com mais de 30.

Tudo bem. É exagero meu dizer isso. Existem oportunidades para os "velhinhos", mas elas são bastante inferiores às dadas para quem normalmente não tem filhos, nem compromissos, nem muitas contas a pagar.
Tenho uma posição e um salário razoáveis, mas não tenho mais acesso a coisas que julgo essenciais como experiências acadêmicas e profissionais em outros países.
Isso é exclusividade de alguns amigos meus, que recebem todo o meu incentivo, mas que não ficam imunes a uma pontinha de inveja e lamento.

Conversei sobre isso nesta semana com uma amiga.
Na época em que tinha idade para participar desses programas, me faltava consciência da importância deles e me faltavam os próprios programas em si.
Quando entrei n´A Firma em junho de 2000, nada disso existia.
Depois que ganhei maturidade para concorrer e aproveitar, as regras já me excluíam.
Minha amiga estava na mesma situação, com a diferença de não se sentir tão confortável com as escolhas feitas no período (casamento, filho, etc.).
Tenho a sensação clara de ter desperdiçado uma parte importante da minha vida profissional, por menos importância que eu goste de dar a ela.

Foi também nesta semana, em uma mesa de bar com amigos, que falamos sobre o impasse de buscar ou não uma oportunidade como executivo.
Apesar da aparente falta de sentido em questionar este tipo de coisa, tínhamos boas razões para quebrar paradigmas: a empresa estava em meio a um sensível corte de executivos. Só de executivos.
Segundo um colega, se ele tivesse aproveitado a oportunidade que surgiu há dois anos, hoje a chance de estar incluído no corte era grande.

Mas qual seria a alternativa?
Abdicar das oportunidades e "parar no tempo" é que não pode ser.
Por mais arriscado que seja, acredito piamente que não tenhamos o direito de recusar essas oportunidades. Ou melhor, eu não acredito no meu direito de recusar meu próprio futuro.

Mas por enquanto não corro esse risco. Por enquanto não tenho escolhas a fazer.
Nem lamentar eu devia. Mas é o que acabo fazendo. Talvez por costume, não sei.
O que sinto é que podia ser comigo. Mas não é. E isso é chato demais.
Mas passa, logo passa. E aí os "problemas reais" não me permitem pensar nessas "besteiras".
Pelo menos é nisso que eu aposto. Tomara que seja verdade.

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quarta-feira, outubro 03, 2007

Pílulas de hoje

* Acabei de receber o feedback do plano de carreira. Entre vários elogios e alguns pontos de melhoria, recebi o esplendoroso aumento de 2% nos meus vencimentos. Fiquei rico.

* Mesmo depois de ter enchido os bolsos, resolvi mexer o traseiro gordo e exercitar novamente meu lado teórico da gestão: reuni os quatro Gerentes da Superintendência e dei algumas sugestões que, ao meu ver, poderiam melhorar a produtividade e os relacionamentos dentro das equipes. Nem todos gostaram de receber dicas de um não-executivo, mas o importante é que dei o meu recado. A aplicação ou não das dicas é com eles.

* Uma das propostas que fiz foi a criação de um blog corporativo interno (disponível só na Intranet) para a nossa Diretoria. Coloquei o conceito, fiz um draft, montei uma apresentação e colhi o feedback. Agora só falta obter o aval do Superintendente e apresentar a proposta ao Diretor. Se ele aprovar, me candidato a Editor e ganho o Pulitzer ou o Jabuti. Simples assim.

* Das propostas que fiz, a que gerou mais polêmica foi a de divulgar quem foram os destaques das áreas, aqueles que mereceram os maiores aumentos e maiores premiações. Dois dos quatro Gerentes acharam que isso faz mais mal do que bem. Fiquei com a sensação de que o medo deles não está simplesmente na reação negativa dos que não foram escolhidos como destaques, mas sim na incapacidade deles Gerentes em passar a mensagem da forma correta. Pulga atrás da orelha.

* Para finalizar as pílulas de hoje, um comentário sarcástico sobre o corte de executivos previsto para o final deste mês: a exemplo da Bolsa, as apostas dadas como certas podem estar virando o jogo e aqueles que se julgavam demitidos, podem acabar rindo no final. Sensação estranha essa de estar errado e ver tudo ficar como antes.

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Limites do trabalho

Saiu no New York Times!!!

Gerentes de uma editora americana estão tentando descobrir por que ninguém notou que um dos seus empregados estava morto, sentado à sua mesa havia CINCO DIAS, até que alguém perguntou se ele estava bem.

George Turklebaum,51, que trabalhava como revisor em uma firma de Nova York há 30 anos, sofreu um ataque cardíaco no andar onde trabalhava (andar aberto, sem divisórias) com outros 23 funcionários.
Ele morreu na segunda-feira, mas ninguém notou até o sábado seguinte pela manhã, quando um funcionário da limpeza o questionou por que ainda estava trabalhando no final de semana.

Seu chefe, Elliot Wachiaski, disse: - O George era sempre o primeiro a chegar todo dia e o último a sair no final do expediente. Ele estava sempre envolvido no seu trabalho e o fazia sozinho.

Ironicamente, George estava revisando um livro médico quando morreu.

Sugestão: De vez em quando balance a cabeça para os seus colegas de trabalho terem certeza de que você está vivo.

Moral da História: Não trabalhe demais. Ninguém nota mesmo. Só quando você atrapalhar a faxina...

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terça-feira, setembro 04, 2007

Apresentadores

Apesar de ter uma especial antipatia pelo chefe da minha chefe, sei que parte do sucesso da minha carreira n´A Firma depende dele, por isso me esforço para cultivar um relacionamento de cordial distância.
Sei que ele não me tem como um dos seus preferidos, mas nem por isso o evito e fujo da situações de intercâmbio. Para ser bem sincero, faço o mínimo para não ser considerado anti-social e indelicado.

E não é por não ir com a faccia dele que resolvi contar a péssima experiência que é assistir a apresentações que ele comanda.
Ficar sentado durante toda a manhã enquanto um cara fala devagar, não varia o volume e ainda lê transparências é algo que ninguém merece, nem mesmo quem depende daquele cara para pagar as contas.
Seria muito melhor se o cara se preparasse lendo alguns preceitos básicos de técnicas de apresentação e não carregasse tanto os slides.
No momento em que ele faz isso, não sobra muita coisa para acrescentar na exposição e a atenção do público se esvai. No máximo, fica todo mundo tentando ler as transparências, tentativa que pode ser frustrante se o apresentador cismar em passar os slides à velocidade da luz com a desculpa de ser dinâmico.

Uma vez ouvi de um especialista que as transparências devem ser o guia para a apresentação, mas não podem nem devem conter toda a informação que se quer passar. Isso cabe ao apresentador, que deve construir sua exposição baseada em tópicos (estes sim, presentes nos slides) e acrescentar toda a informação relevante usando a voz e eventuais ferramentas de ênfase (apontadores, quadro branco, flip charts).

Infelizmente o chefe da minha chefe não é assim e tudo fica modorrento demais.
Quer dizer, modorrento para mim, já que o povo do setor "Fusca" deve amar cada palavra.
Antes que achem que estou louco, acho bom explicar que no Fusca (o automóvel), a parte dedicada às bagagens fica na frente do carro, portanto, as primeiras filas do auditório, tradicionalmente ocupadas pelos mais "malas", são, para mim, o setor "Fusca". E olha que isso nunca falha!

Para finalizar, o chefe da minha chefe padece de um defeito muito comum aos executivos de nível médio da empresa: a falta de "tradução" das mensagens da alta direção. Eles simplesmente pegam a apresentação que recebem e a lêem para a equipe, sem se preocupar muito com a equalização do conhecimento ou com a capacidade de absorção de cada um.
Melhor seria focar na informação relevante (a reestruturação da empresa, por exemplo) e deixar de lado o que interessa mais a quem comanda a empresa (o EBITDA, o ARPU e afins). Essa tradução faria toda a diferença e certamente acabaria com a má fama dos "leitores de transparências".

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quarta-feira, julho 18, 2007

Visões de projeto

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quinta-feira, julho 12, 2007

Ranking

Eu sempre achei que esse negócio de não usar muito critério para avaliar o desempenho das equipes ainda acabaria mal e recentemente acabei tendo uma confirmação desse temor.

Como toda empresa, A Firma precisou passar por uma redução de gastos para se adequar à situação atual do mercado, à ação da concorrência e aos próprios rumos determinados pela matriz, lá no Império.
Dentre as ações tomadas, a redução de pessoal me parece natural. Diminuindo salários e benefícios para um mercado mais ajustado, a empresa fica mais enxuta e ágil para lidar com os desafios e barreiras.
O problema começou justamente nos critérios utilizados para a escolha dos "demitíveis".
Minto. Foi antes, nos critérios utilizados para avaliar o desempenho de cada pessoa dentro da empresa.

Bem ao estilo GE, a empresa usa os números 1, 2 e 3 para estratificar o desempenho das pessoas e para habilitá-las ou não a promoções, transferências ou mesmo demissões.
Não sei se as proporções são 10-70-20, mas deve ser algo bem próximo.
O ranking 1 mostra as pessoas que superaram suas expectativas, o 2 as que alcançaram e o 3 as que ficaram abaixo do que era esperado delas.
Tudo lindo, não?
Acontece que alguns gestores tinham o "saudável" hábito de fugirem da responsabilidade e do trabalho de avaliar as pessoas e simplesmente faziam um rodízio das pessoas que recebiam o mal fadado 3. Normalmente esse rodízio pegava os novatos da área, para quem o gestor costumava dizer que estava tudo bem, que aquilo era praxe na empresa e que a pessoa não deveria se preocupar por que o 3 não atrapalharia em nada a evolução e as oportunidades que surgiriam.
Nada mais picareta. Ficou famoso o caso de um amigo que recebeu o 3 de presente logo depois de entrar na empresa e que não pode se candidatar a uma vaga de MBA gratuito oferecido pela empresa, justamente por conta desse 3.
Se o tal gestor estivesse na frente dele, certamente não terminaria o dia com todos os dentes na boca.



Outro ponto bastante discutível usado pelos gerentes para a determinação do 3 são as licenças e demissões.
Quem quer que saísse em licença médica, maternidade ou fosse demitido, recebia automaticamente o 3, independente de qualquer análise de desempenho.
Até posso admitir que fazer isso com quem não está mais na empresa pode facilitar o trabalho do gestor (coisa que eu pessoalmente não concordo), mas fazer isso com quem fica fora da empresa por força maior me parece uma grande sacanagem, para dizer o mínimo.
Na minha opinião, a licença deveria significar apenas um período menor para cumprir seus objetivos e não uma eliminação da possibilidade de competir. Se a pessoa ficou 5 meses fora, se avaliam os outros 7 meses e se compara com os 12 meses do resto da equipe. Quem tiver o pior desempenho leva o 3 e pronto. Simples e justo.

Mas como a justiça não é exatamente uma acompanhante dos maus gestores, o 3 segue sendo distribuído dessa forma e todos os seus possuidores viraram alvos das recentes demissões.
Todos os 3 da empresa foram listados e considerados candidatos à demissão. Coube a cada gestor definir se a pessoa merecia uma nova chance ou não. Poucos conseguiram. Muitos foram embora por desempenho fraco. Alguns foram injustiçados.
Coisas de critérios simples demais, como redução de orçamento ou de investimento.
No final do processo, a demanda continuou a mesma (pelo menos por enquanto) e os sobreviventes se dividiram entre o alívio de permanecer empregados e o desconforto de ter que assumir as atividades de quem se foi.

Desse jeito fica difícil se manter dentro das listas de melhores empresas para se trabalhar, como nos dois anos anteriores.
Vai ser preciso tirar mamutes da cartola para reverter o quadro.
Ou será que estou com uma visão por demais simplista?

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sexta-feira, junho 22, 2007

Por uma "gestão" melhor

Texto escrito por um brasileiro que vive na Europa.

"Já vai para 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.

Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra.
Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.

Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down".
O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.

E vejo assim:
1. O país é do tamanho de São Paulo;
2. O país tem 2 milhões de habitantes;
3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com Curitiba, que tem 2 milhões)
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não?
5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.



Digo para os demais nestes nossos grupos globais: os suecos podem estar errados, mas são eles que pagam nossos salários.
Entretanto, vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles. Vou contar para vocês uma breve só para dar noção.

A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei:

"Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final. "Ele me respondeu simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha?"

Ainda bem que perguntei... Deu para rever bastante os meus conceitos.

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segunda-feira, junho 11, 2007

Fiona no Pan

Voltando a falar da Fiona, minha atual gerente, e sua sanha por poder e glória, resolvi fazer uma homenagem ao Pan do Rio, que eu rezo para que comece e termine bem, e falar das qualidades competitivas dessa minha executiva responsável.
Sim, por que apesar do cartório registrar algo diferente disso, Competição é o nome do meio dela.

E quando menciono o verbo competir, não me refiro a fazer da nossa área a melhor da empresa em termos de entregas, qualidade ou satisfação, falo de competição interna mesmo, daquela que a faz se morder de inveja pelas conquistas ou elogios do cara que senta no "aquário" ao lado e que, por coincidência, era meu antigo gerente.
Isso não pega muito bem quando você considera a pessoa um parceiro e ela te considera um obstáculo, certo?
Para ela, não é concebível que ele receba elogios e ela não, que ele seja bem avaliado e ela não, que ele tenha uma equipe bem motivada e ela não.
Em resumo, ela deve se julgar infinitamente superior e deve ser duro engolir que o mundo não pensa exatamente da mesma forma.
Neste microverso, o mundo se resumiria ao Superintendente, aos clientes e à equipe, só para esclarecer.

Alguns diriam que o sucesso corporativo não se consegue sem competição e ambição, afirmação com a qual concordo, mas acho que não se pode levar isso às últimas consequências e não se pode ignorar a ética.
No final das contas, é necessário ter princípios e a ausência deles mostra a ruína moral que o profissional possui.
E, na minha pouco estudiosa moral, a falta de ética não se sustenta para sempre, mesmo aqui neste país.

Ela me lembra um pouco o Dick Vigarista, aquele que não se cansava de trapacear e de sacanear os outros na Corrida Maluca e que sempre de dava mal, mesmo quando conseguia ganhar a corrida.
Seria um bom exemplo?



Só para terminar, me lembrei de um último exemplo dessa patológica vontade de ser mais e melhor: na última mudança de estrutura que aconteceu n´A Firma a área dela mudou de nome e passou a se chamar Área 4.
Até aí, nenhum problema, diriam os normais, mas na mente congestionada da minha gerente, não havia razão para ela ter deixado de ser a dona da Área 1 e que aquela nova denominação deveria ter algo a ver com o desempenho dela no projeto ou com a satisfação da área.
A loucura era tanta que ela nem parou para pensar que os dois gerentes que haviam acabado de entrar na empresa haviam recebido as áreas 2 e 3.
Insanidade total, que foi devidamente ridicularizada pelo meu antigo gerente e, principalmente, pelo Superintendente.
Como diria o Dr. Terror, "mal, Sapão!".

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quarta-feira, maio 30, 2007

Divisão do salário

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